Às
vezes arder faz bem. Desligarmo-nos do mundo faz bem. Às vezes
aprendermos a gostar um bocadinho de nós próprios faz bem. Às vezes, o
que nos faz falta é a segurança. O balanço que tanto procuramos sem
encontrar. O busca no impossível do balanço 50/50 que normalmente
aparece quando não temos tempo para notar que ele está mesmo do nosso
lado. Às vezes o que faz falta é isso, pararmos no nosso próprio baloiço
e estacarmos naquilo que andamos a fazer. Às vezes mais vale sermos nós
próprios a bater contra a parede, apercebermo-nos sozinhos que o mundo
não foi feito como nós sonhamos. Que o amor não bate ao nosso coração
apenas quando tem a certeza que vai ser fertilizado. Às vezes mais vale
controlar as lágrimas que nos escorrem sem pedir, e guardarmos esses
momentos para nós. Faz-nos bem ter vida própria. Pensar por nós
próprios. Às vezes o que nos falta é a capacidade para decidir. O que
nos falta é entender o amor como ele é, e não tentar julgá-lo como nosso
inimigo. O amor não é nosso inimigo. Não é mau nem presunçoso. O amor
está escrito para ser feliz. Está escrito para sintetizar as nossas
células e expandir o nosso coração. Está escrito para fazer brilhar os
nossos olhos. Para voar, cair, voltar a voar e cair mas voltar a voar
sempre. E o amor somos nós. Não é mais nada. O amor somos nós e a nossa
capacidade de retermos o nosso mundo a um outro mundo também. O amor é
voar bem alto no chão do nosso quarto, na cama do nosso quarto, no
jardim da avenida da nossa cidade.. O amor não é mau. É bom. Ele nasce
de nós. Porventura, maus somos nós.
Às
vezes o que nos falta é mesmo isso.. Tempo. Tempo e paciência para
cuidarmos de nós próprios. O que nos faz falta é termos capacidade de
criar momentos só nossos. De cultivarmos que a vida é nossa não é de
mais ninguém. Que não temos que nos vestir para agradar ninguém, que não
temos que retocar a maquilhagem sempre que nos olham de canto. Ter vida
própria e criar momentos nossos é sermos apenas nós. Vivermos a nossa
própria vida. No nosso cantinho, no nosso casulo de memórias. Às vezes é
só o nosso casulo que nos salva. E para ser sincera.. a luz vazia do
meu quarto não parece tão má.. tão má quanto à luz brilhante que me
afoga sempre que um pedaço da minha loucura sai para fora das quatro
paredes que me protegem da sofreguidão que possam ser os meus dias.
Às
vezes é mesmo isso.
No nosso cantinho, arder e desejar sozinhos, apenas
sozinhos. Sem chocolate nem adoçante. Arder apenas e desejar apenas. Às
vezes.. às vezes é mesmo isso...
Faz bem largar o mundo, mergulharmos em nós, vivermos os sentimentos que de nós emanam. Por vezes, apenas queremos que tudo comece, que aquele baralho de cartas caia, restando o que é verdadeiro, dissipando-se o que era tão irreal.
ResponderEliminarComo sempre um bom texto, cheio de sentimento e de uma racionalidade sentimental que para mim é deslumbrante.
Sinto-me em dívida contigo mas ultimamente, nem tenho conseguido comentar, depois de Sábado, tudo volta à normalidade, tu sabes.
Um beijinho :)
gostei tanto, meu deus :)
ResponderEliminarGostei muito do texto, tudo está muito bem dito e descrito.
ResponderEliminarGostei muito do blog e do texto :) Segui*
ResponderEliminarmuito obrigada *-*
ResponderEliminarque é feito de ti? :o
ResponderEliminarAs vezes faz bem, fazermo-nos bem simplesmente...
ResponderEliminarBeijinhos,
Pensando com Arte, de volta...
Texto novo, deixa a tua opinião *
r: eu estou bem :D
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